Fernando Monteiro - Mattinata (2017) - 2a. edição
Brochura, em papel bold 90gr, 92 pgs.
Formato: 20x14cm
Tiragem de 60 exemplares.

R$ 25,00 (+ R$6,00 de envio - registrado econômico)

Co-edição: Sol Negro Edições / Edições Nephelibata

Os três poemas deste livro de FERNANDO MONTEIRO prosseguem a meditação iniciada com o seu Vi uma foto de Anna Akhmátova (Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2009). E vão em direções até certo ponto convergentes, desde o primeiro – o “Mattinata” do título geral –, no cenário de intimidade das horas finais de uma relação amorosa, sendo personagens a voz interrogativa de um homem a contemplar a amante que ainda dorme no quarto de um hotel e também a cidade (estrangeira?) na qual essa separação coincide com o começo da manhã a se insinuar na dobra das coisas.
O segundo poema recua longamente no tempo: parece inscrito em lápides romanas que murmurassem algum daqueles segredos “que não são para se contar”. E essa intenção se desloca da forma para evocar também o tema da ruína da ruína, ou seja, a situação da própria civilização em tempos de vulgaridade extrema.
O terceiro e último poema desdobra o eco dessa “vulgaridade” no âmago da cultura, a partir de uma espécie de elegia em torno da morte do poeta Roberto Piva, ocorrida em 2010. Pós-beatnik até o amargo fim, Piva se manteve “selvagem” a vida inteira, avesso ao comércio literário de todos os tipos, e, quando morreu quase como indigente num hospital de São Paulo, ninguém pareceu perceber o dedo acusador por ele apontado através de um verso (retirado de Hölderlin) citado em praticamente todos os necrológios do rebelde paulista:
E para que ser poeta em tempos de penúria?
A partir desse “mote” – e de uma forma bem diferente daquela dos poemas anteriores – de alguma maneira a grandeza e a miséria (para lembrar um título de Alfred de Vigny) da Poesia em épocas de “penúria”, passam a estar no centro indignado do quase “manifesto” que, aqui, revolve a própria música do verso e confronta, igualmente, o modus da sua recepção num mundo “antipoético” por excelência, conforme muitos denunciam o tempo presente. [Os editores]

Versão eletrônica da 1a. edição : aqui.





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