Antonio Miranda - Criador de Mim (2012)
Brochura, em papel pólen bold 90gr, 52 pgs.
Formato: 20,5x14cm
Tiragem de 69 exemplares.
Com capa e dois retratos do autor por Roland Grau.

[esgotado]


A poesia surpreende! Grita dentro do poeta, dentro do eu que não se contenta com a condição de ente. A poesia obriga o poeta a abandonar a condição de objeto, de coisa feita, para se fazer e refazer-se em linguagem, para se substantivar, porque não basta nascer, não basta pertencer à humanidade, sendo homem; é preciso conquistar o humano, chegar ao sublime; e isso só é possível criando-se, recriando-se, convertendo-se em linguagem, pronunciando-se e conjugando-se em verbo, em palavra segunda-primeira. Essa necessidade metafísica, semelhante à deusa temida da mitologia grega, a ponto de Zeus curvar-se perante ela, sentimo-la nos poemas de Antonio Miranda, já a partir do título, Criador de mim, porquanto o ser lírico, na profundidade de quem se quer realmente humano e sublime, recria-se, sopra sobre si um novo logos. Mas, não se trata de um criar-se instantâneo; sim, da constituição da imatéria que é matéria, porque procura e achamento que envolvem o outro lado do ser, a sua dimensão metafísica.

O mais estranho nessa poética do criar a si mesmo, no entanto, reside exatamente no sopro e no objeto. O sopro seria o metafísico, o aparentemente contraditório da acão de ser criador de si mesmo. O objeto, o barro, em sua profunda simplicidade, reconstrói-se em imagens aparentemente reais, compostas em uma linguagem que se mostra com todos os is, como se denotativa fosse. Assim o sentimos ao lermos os versos Partes de mim eu não admito./ Escondo, extirparia com um bisturi, pois a imagem parece sair do espelho e ferir quem a vê e a lê. Entretanto, o poeta dá a receita, revela o sagrado ato de compor-se, pois a palavra, no poema, é múltipla. Por isso, Toco a lira de Pilatos, lavo as mãos/ como Nero, nas Sagradas Escrituras/ busco os segredos, os degredos, os medos./ Palavras. A retomada do sagrado, tão intensamente estudado atualmente, revela o como criar-se, o como ser criador de si: a Palavra. [José Fernandes, da Universidade Federal de Goiás]

Versão eletrônica : aqui.
Página de Antonio Miranda.



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